A escondedora de facas.
Perdia a estribeira
Esquentava o clima
Discussão e água quente
Boiando na cozinha
Nenhum deles percebia
A presença da criancinha.
Palavras grosseiras
Olhos esbugalhados
Dentes cerrados
Corpos fervendo de raiva
Amor desfeito de gole em gole.
Tal fúria posta a mostra
Naquele show do horror
Vizinhos correndo para a cena
Curiosidade latente
Omissão presente
E a criança cadê?
Correndo e escondendo facas.
Seu coração gelado desconhecia
O sentido daquela mão
Que de manhã jogava dama
A noite virava o copo
Virava a mesa
Perdia o rumo
A estribeira
Perdia o jogo.
Dia vai, dia vem tudo se repete
Todos ali refém da pressão
Intrauterina, interpessoal
Extraordinária imposições
Que explodem emoções.
Na pura falta de temperamento
Se faz o alimento da revolta
E quando todos partilham essa ceia
O drink que acompanha é
O álcool que ingere todo o ser.
Destilado o homem
Ou domina, ou é dominado
Toma a vida e sai da esquina
Ou vai ser só um viciado
E perder os que mais admira
Num virar de um copo.
Pára já de assustar a menina
Todo exemplo é multiplicado
Nem você merece essa sina.
Seja forte se firme na Terra
Todos temos humor que oscila
O cálice do mundo é pesado
Bem pior não dar colo a menina.
Um dos sinais (sintomas) da depressão é o alcoolismo. Pense e leia mais sobre isso.
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Seu belo post “Um texto para ninguém ler” me lembrou dessa real dureza.
A dureza de ser real.
Crua e corajosa… texto forte, cortante e bonito. Parabéns por seu blog. Até escrevi novamente algo sobre depressão depois que estive por aqui.
A vida é dura pra quem é duro, pra quem está desligado e pra quem é flexível… mas flexível torna viável transformarmos o impossível em possível.
Muita luz e amor pra sua vida!
Um abraSom
Adriano
Adriano, motivação é o que sinto com mensagens como a sua. Obrigada. Procura transportar a dor e o amor para o papel, jeito de extravasar. Ter depressão não pode ser uma vergonha social, e irei lutar por isso estando bem ou mal. Muita luz para você também, abraços, Cris.
Oi Cris,
Transportar para o papel é também o nosso papel para transpor a depre.
Não, não é vergonha mesmo… se não nos assumimos além de comprimidos.
Tamo junto nesta rede única laços e nós.
Abraço
Obrigada.
E a criança cadê?
Correndo e escondendo facas.
Seu coração gelado desconhecia
O sentido daquela mão
Que de manhã jogava dama
A noite virava o copo
…. perfeita tradução de sentimentos vividos! Parabéns pelas palavras!!!.