34 dias de antidepressivo
Posso respirar, meu apetite também melhorou, sinto o sabor e o aroma das comidas. Isso é maravilhoso! Voltei escutar minhas músicas prediletas, arrisco cantar e dançar apesar de me sentir desajeitada. As dores do corpo já não são tão rotineiras. A queda de cabelo desapareceu. Minha aparência está mais bonita, com cor, com vida, agora tenho gosto para tirar fotos. Consegui ir ao médico sozinha e me comunicar em outra língua. Visitei uma conhecida cujo bebê nasceu em outubro passado e até agora eu postergava, pois, não me sentia com boa energia e confiança para isso. Voltei para o curso de inglês e consegui acompanhar a aula.
A letargia melhorou, a falta de atenção continua em doses menores. Evito eventos sociais, prefiro ficar em casa, amo meus amigos e família, gratificante são suas companhias – saibam disso sempre. No entanto, entendo que eu não cultivo suas presenças como deveria e nem como gostaria. Tenho mandado poucas mensagens, quase nunca ligo, confesso que de fato me obrigo a ir aos encontros. Quando vou é tudo ótimo, lindo e maravilhoso, não consigo entender o porquê não me permito mais disso, o porquê prefiro ficar em casa. Assim como, a libido continua baixa, mas quando vou é puro fogo. Apesar de sentir mais vigor, meu ânimo também não é tanto para hobbies, atividades físicas e domésticas. Todos meus serviços continuam a me esperar como sempre, faço na medida do possível, mas passar aquela tonelada de roupas vai ser impossível. Estão vendo como o meu senso de humor também está voltando, engraçadinha. A hipersensibilidade ao barulho quase desapareceu por completo, meus filhos agradecem. O medo que a depressão volte e mostre suas garras novamente é diário. Referente a insônia e olheiras, essas ainda não foram embora por completo, mas já faz três noites que durmo bem. Isso é revigorante!
Bom, tentei descrever alguns pontos positivos, especialmente a sensação de relaxamento, e outros que têm que se aprimorarem, como a questão do sono, disposição física, desinteresses… Quanto aos efeitos colaterais: bocejo bem mais, apesar de não sentir sono; por vezes sinto apatia, algo como se eu não estivesse aqui, que não dominasse minhas ações. A psicóloga explicou que antidepressivo não muda o caráter e nem resolve problemas, sim atua na ansiedade recompondo neurotransmissores do bem estar.
Conclusões: vou continuar o tratamento com antidepressivo e com as sessões semanais de psicoterapia. Vou tentar encaixar exercícios físicos e meditação. Sei que dei só um passo e que preciso de muitos e muitos ajustes. Não posso me conformar com o negativismo e a melancólia, assumir isso como parte da personalidade e ficar nutrindo tristezas. Respeito meu jeito introvertido de ser, e gosto dele, mas a vida é curta demais para ficar de um lado só. Preciso assumir desafios, saber colher as flores e lidar com os espinhos. Confesso que não é nada fácil, mas quem disse que seria? “O mais difícil foi detectar e assumir que tenho uma doença mental: a depressão”. Agora não quero me fazer de vítima e nem abraçar essa depressão como se fosse eu. Escrever aqui no blog tem sido muito bacana, de certa forma assumo minha voz e penso que posso estar ajudando alguém. Busco e dou informações aos quatro ventos. Tento transformar a depressão em poesia e informação. Tenho pesquisado e escrito muito, ainda tenho alguns textos muito zangados que não publiquei, estarei postando em breve. Mas sei que logo logo estarei 100%, aí o blog terá que tomar outros rumos… Espero sugestões, por favor.
Enfim, se eu precisar de antidepressivo vou tomar, se recorro ao psiquiatra é porque é um profissional que estudou intensivamente para me ajudar; se a psicóloga é como uma professora dos sentimentos, vou escutar. Claro que pensei: mas assim não é você que está no controle da sua vida, assim agentes externos modificam seu jeito de ser, assim você não vive seu ser na integridade e intensidade. Minha gente, e quem nasceu pronto? Estamos em evolução.
Abaixo tentarei dar alguns esclarecimentos de forma sucinta das principais dúvidas que me questionam:
Diferenças entre antidepressivo e calmante – o antidepressivo vai repor as substâncias que faltam no organismo, seu efeito de bem estar é percebido a longo prazo. Os ansiolíticos, mais conhecidos como calmantes, têm efeito rápido e são para tranquilizar naquele momento em que se usa pode, ou não, ter efeito sonífero.
Diferença entre psiquiatra e psicólogo – o psiquiatra estudou medicina, e depois se especializou em psquiatria, conhece o “funcionamento fisiológico da mente”, por isso pode indicar e prescrever medicamentos. Já o psicólogo não pode receitar remédios, é um profissional que estudou o “funcionamento psicológico da mente”, para nos auxiliar entender o comportamento, as dúvidas existenciais; a como lidar com as dificuldades e sofrimentos que nos impedem de progredir.
O psiquiatra vai diagnosticar se você tem algum problema com a mente objetiva corpórea, o cérebro, como déficit de atenção, esquizofrenia, manias, bipolaridade, dependência química, ansiedade, depressão, etc. O psicólogo é o terapeuta da mente subjetiva, digamos da alma, ele vai te ajudar a se desenvolver, a saber lidar com a doença através de análises como conversas, testes de personalidade, produções artísticas, etc. Cada um tem um modo de atuar e segue uma linha de pensamento. Como percebermos, ambas as profissões são diferentes e complementares.
Boa noite e bons sonhos. Cristileine Leão.
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Desejo força e determinação! 💛
Obrigada por dividir um tanto do seu amor demais 😍
Cris que bacana esse blog! Escrever com certeza é a melhor maneira de botar para fora tudo que nos aflige..Vou te acompanhar por aqui! Fico muito feliz em ver que está bem.. Sinto muitas saudades! Você foi minha grande companheira ai na Alemanha, tudo ficou mais fácil quando nos conhecemos ai, você me ajudou muito e eu serei eternamente grata! Espero te reencontrar em breve..Grande beijo querida!